Após o fim da obrigatoriedade na utilização de máscaras por crianças entre 6 e 12 anos em Santa Catarina, algumas dúvidas ainda permanecem sobre os eventuais riscos de contaminação para esse público específico. O governo do estado publicou decreto na última quarta-feira (2) repassando a supervisão sobre o uso das máscaras para os “pais ou responsáveis”, retirando assim a responsabilidade do Estado quanto ao controle.
Para o médico infectologista Dr. José do Amaral, em entrevista concedida ao Portal de notícias O Auditório, “flexibilizar esse uso, principalmente em crianças nesse momento é ainda muito precoce”. Para o profissional, deixar de usar o acessório enquanto o coronavírus ainda circula com uma certa força, pode dar uma falsa sensação de liberdade para os pequenos, aumentando assim os riscos de novas contaminações.
Amaral analisa os números recentes da pandemia da Covid-19 e acredita que o público infantil pode ficar agora mais exposto à infecção e consequentemente chegar a casos mais graves. “As crianças são o último grupo vacinado e ainda com uma porcentagem de cobertura vacinal baixa”, explica.
Para o médico, o aumento expressivo de crianças em internações em UTI e, infelizmente, em mortes, já demonstra o maior risco que existe. Ele observa o aumento de 1.209% nos casos de Covid-19 em crianças menores de 12 anos em Santa Catarina na comparação do último bimestre de 2021 para o primeiro bimestre de 2022, quando os registros saltaram de 1.631 casos para 21.357. No caso das internações hospitalares para esse público, o aumento no mesmo período foi de 588% no geral e 1.433% em UTI.
“Seguindo também o que recomenda fortemente a Sociedade Brasileira de Pediatria que é o uso de máscara acima dos 2 anos de idade como principal medida não farmacológica de controlar a transmissão viral, acho precoce abolir ou flexibilizar muito o uso de máscara nesse momento”, conclui Dr. José do Amaral.
Liberação das máscaras em crianças nas escolas
Em Blumenau, a prefeitura emitiu um comunicado aos pais, orientando que, caso não queiram que seus filhos usem máscaras nas escolas municipais, que comuniquem a unidade de ensino através de anotação na agenda escolar. A administração municipal diz que seguirá “recomendando” o uso da máscara, mas que liberará a escolha, acatando assim o decreto 1.769 do governo do estado.
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