Quarta-feira, Outubro 9, 2024
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Mais de 400 mil pessoas vivem em área de risco em Santa Catarina

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Santa Catarina tem 428.189 pessoas que vivem em 2.920 áreas de risco de desastres. Desse total, 653 localidades são consideradas como “de risco muito alto” e 2.267 de “risco alto”.

Os maiores riscos de desastres no estado são (por número de locais): deslizamento de terra (1,3 mil), inundação (1 mil), enxurrada (192), queda (164), enchente (70), erosão (63), outros (81). Os números, no entanto, podem ser muito maiores, pois ainda não consideram todas as áreas de risco do estado, já que nem todos os municípios fazem parte do levantamento do Serviço Geológico do Brasil, vinculado ao Ministério de Minas e Energia.

O município com o maior número de áreas de risco em Santa Catarina é Brusque, com 199 locais e 16.032 pessoas expostas ao risco. Na sequência vem Joinville com 140 áreas de risco e 104.368 pessoas expostas. Lages tem 66 locais e 17.852 moradores em risco. Depois vem Tubarão, com 54 áreas de risco e 5.144 pessoas expostas.

Os quatro municípios estão entre os 20 primeiros do país em localidades de risco em desastres. Santa Catarina é o primeiro estado da lista de maior risco em todo o país.

Apesar do largo histórico de enchentes, enxurradas e, mais recentemente, deslizamentos de terra, Blumenau não faz parte desta classificação, pois ainda não teve suas áreas de risco mapeadas pelo Serviço Geológico do Brasil.

Outros municípios habituados a desastres naturais, como Itajaí e Florianópolis também não aparecem catalogados no sistema. Nem mesmo faz parte da lista o município de Rodeio, que na última semana entrou em estado de calamidade pública devido ao forte temporal que danificou parte de sua área, deixando até o momento quatro pessoas mortas e uma desaparecida.

No Vale do Itajaí, além de Brusque, os municípios de Gaspar, Timbó e Presidente Getúlio estão entre os 20 com o maior número de áreas de risco entre as mapeadas no estado.

Enchente em Timbó. Foto: R2 Imagens

Brasil (Por Agência Brasil)

O Brasil tem 3,9 milhões de pessoas que vivem em 13.297 áreas de risco. Dessas, quatro mil localidades são classificadas como de “risco muito alto”, de deslizamentos e inundações, por exemplo. Já o número de áreas classificadas como de “risco alto” é de 9.291. Os dados podem ser visualizados no painel do Serviço Geológico do Brasil, vinculado ao Ministério de Minas e Energia.

Os estados mais impactados são Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Um dos motivos é o fator geológico de relevo, explicou o coordenador executivo do Programa de Cartografia de Áreas de Risco Geológico, Julio Lana, geólogo pesquisador do Serviço Geológico (SGB). 

“Esses estados têm grande parte do relevo caracterizado por áreas bastante montanhosas, os municípios estão parcialmente assentados sobre terrenos inclinados, morros e regiões serranas e naturalmente são áreas sujeitas a processos de instabilização de encostas – os deslizamentos. Além disso, são estados que têm [áreas] hidrográficas consideráveis, com rios bastante importantes e grandes terrenos ocupados nas margens desses rios, o que sujeita a população a sofrer com os eventos de inundação”, disse Lana.

Acrescentou que outro fator é que o mapeamento feito pelo SGB envolve mais municípios nesses quatro estados impactados.

“Esse trabalho contemplou cerca de 1.600 municípios no Brasil. Não são todos os municípios brasileiros que foram contemplados. E, dentre os estados que têm maior número de cidades mapeadas, estão justamente Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. É interessante destacar que eles têm o maior número de áreas de risco e consequente população nessas áreas justamente porque têm o maior total de cidades mapeadas em comparação com outros estados”, salientou. 

Prevenção de desastres

O Serviço Geológico do Brasil disponibiliza o mapa online para prevenção de desastres. O mapa apresenta a localização e algumas características de área propensas a serem afetadas por eventos adversos de natureza geológica, como deslizamentos, inundações, enxurradas, fluxo de detritos, quedas de blocos de rochas e erosões. 

O mapeamento é feito para caracterizar as áreas sujeitas a perdas ou danos decorrentes da ação de eventos de natureza geológica, destacou o coordenador. “Quando esse mapeamento é finalizado ele é enviado para a Defesa Civil e outras instituições do poder público, responsáveis por tomar medidas de prevenção, como, por exemplo, realizar as ações de monitoria, alerta, desenvolver políticas públicas para promover o ordenamento territorial, ou seja, para evitar que novas áreas de risco surjam nesses municípios. São as principais medidas de prevenção que esperamos que sejam tomadas em decorrência do mapeamento”, afirmou Lana. 

O mapa não contempla a totalidade das cidades  brasileiras, e, sim, as 1.600 cartografadas até o momento. Assim, podem existir áreas sujeitas a desastres em localidades ainda não mapeadas pelo Serviço Geológico.

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Arnaldo Zimmermann
Arnaldo Zimmermann é jornalista (Mtb 0005946/SC), com graduação, mestrado e doutorado em Jornalismo. Também possui graduação em Letras e especialização em Administração em Publicidade e Propaganda. É professor universitário desde 2001 e profissional de diversos veículos de comunicação do Vale do Itajaí desde 1985.
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