Mesmo o mais experiente analista político não conseguiria cravar com segurança quem deve ir ao segundo turno nas eleições para prefeito ou prefeita de Blumenau. Egídio Ferrari (PL)? Ana Paula (PT)? Odair Tramontin (Novo)? Ou qual será o impacto da votação de Ricardo Alba (Podemos) e Rosane Martins (PSol)?
Em tempos passados, mesmo com uma ou outra virada espetacular de última hora, era possível prever os resultados com um pouco mais de precisão. Neste ano, é quase impossível. Pelo menos até o momento desta publicação.
Os motivos para essa imprevisibilidade estão em alguns pontos:
Fragilidade das pesquisas
No passado recente, tínhamos grandes institutos nacionais de pesquisa contratados pelos maiores veículos de comunicação de Blumenau, o que gerava uma maior confiança nos dados devido ao histórico de acertos e a credibilidade das empresas envolvidas. Hoje, o eleitor se depara com empresas desconhecidas, domiciliadas em pequenas cidades e com resultados muito divergentes entre si.
Nas avaliações internas dos comitês, as sondagens por tracking (via telefone) agradam apenas quem as contrata. Conversei com membros dos comitês das três principais campanhas e todos eles afirmam que irão para o segundo turno com base nessas medições. As posições apenas se invertem de comitê a comitê.
O acirramento pelo segundo lugar
Todos os comitês de campanha supõem que hoje seria muito difícil o candidato da situação Egídio Ferrari ficar fora do 2º turno. A sua exclusão seria uma surpresa para todos. Mas as equipes do candidato ainda apostam que ele pode vencer a fatura já no próximo domingo. Alguns se baseiam em pesquisas e outros na necessidade de motivar a militância.
Ana Paula (PT) está com uma campanha mais forte na TV (com mais tempo também) e nos bairros em relação a Tramontin. Há uma parcela considerável do eleitorado que expressa um desejo de mudança, mas é muito difícil definir que tipo de mudança é essa que se almeja. Já vimos essa novela em 2012, quando a opção de mudança para Napoleão era uma espécie de “mudar, mas não mudar muito”. Hoje, a disputa entre os dois é a menos previsível de toda a corrida eleitoral na cidade.
A divisão da direita conservadora
A disputa pelo voto da direita conservadora tem provocado acusações sérias e tem tudo para terminar nos tribunais mesmo após as eleições. Primeiro, Egídio e Tramontin queriam provar que um era mais “bolsonarista” que o outro. Aí vieram acusações, denúncias, respostas e apagamentos de mensagens pelas redes sociais. Difícil avaliar quem se beneficia mais dessas “cadeiradas” virtuais. E ainda há o Alba correndo por fora e batendo em todos.
No lado do voto progressista, Ana Paula não optou pelo corte à esquerda. Preferiu falar em união e defendeu o fim do acirramento político que separou famílias e amigos. Com esse discurso, tem avançado muito nos eleitores de centro, mas ainda não dá para mensurar quantos votos fará entre os 24% que votaram em Lula na eleição passada. Rosane Martins busca o voto ideológico. E os seus resultados e de Alba podem fazer diferença na contagem voto a voto dos demais.
A municipalização da campanha municipal
Muitos esperavam que a campanha municipal fosse nacionalizada, com uma divisão clara de quem vota em Bolsonaro ou Lula. O que se percebe até o momento é que isso não está acontecendo. O apoio bolsonarista parece muito mais a cereja do bolo do que qualquer estratégia principal para colher votos. No lado do eleitorado de Lula, o voto é muito parecido com o que a esquerda tradicionalmente faz nos bairros intermediários e mais periféricos da cidade. Mas o eleitor parece estar muito mais preocupado com a rua na frente da sua casa, com o posto de saúde do bairro ou a creche para o filho, ao invés de ficar pensando em Brasília. E isso deveria ser o óbvio.
O que pode definir os últimos votos no 1º turno
Considerando a possibilidade de uma disputa voto a voto, ganhará mais pontos quem conseguir: ter uma performance acima da média no debate da NSC TV na noite de quinta-feira (3); conquistar muito engajamento orgânico nas redes sociais entre sexta e sábado (impulsionamento ficará proibido); avançar sobre a chamada geração Z, que tende a se ligar nos assuntos locais um pouco mais tarde; motivar os idosos acima de 70 anos a irem votar.
Isso, considerando somente abordagens legais, honestas e respeitosas com o público. Esperamos que não haja outras.

Mas se está difícil para os comitês adivinharem o que vai acontecer no domingo, imagine então para o eleitor comum, que acorda cedo, trabalha muito e tem pouco tempo para acompanhar política. Esse quer o melhor, mas nem sempre consegue separar o joio do trigo, a fantasia da realidade, a promessa da concretização. Isso porque, de um jeito ou de outro, os marqueteiros políticos fazem de tudo para que as campanhas sejam todas parecidas. E assim criam uma dificuldade para quem tem pouco tempo para enxergar as diferenças.