Somente 21% das pessoas inadimplentes que usaram as casas de apostas esportivas, conhecidas como ‘bets’, lucraram com os jogos, segundo pesquisa da Serasa. Destes, 17% afirmam que ganharam mais do que perderam, e apenas 4% garantiram que apenas ganharam dinheiro sem perder nada.
O estudo foi realizado pelo Instituto de pesquisa Opinion Box e coletou 4.463 entrevistas em todo o Brasil usando a base de dados da Serasa. O levantamento teve 34 questões e foi realizado entre 10 e 18 de outubro de 2024.
Entre o público que está devendo dinheiro por motivos diversos e resolveu apostar nas bets, 20% afirmam que apenas perderam dinheiro, enquanto 32% perderam mais do que ganharam e 27% tiveram ganhos na mesma proporção das perdas.
Já quanto às principais razões para começar a apostar, segundo os entrevistados, destacam-se a tentativa de obter dinheiro rápido para pagar contas (29%) e a busca por uma renda extra (27%). Além disso, 44% dos endividados que já apostaram relatam ter jogado justamente com o objetivo de quitar uma dívida.
A pesquisa também revela que 69% dos recursos usados nas apostas são oriundos dos próprios salários de quem joga. E um dado curioso que a pesquisa revela é que 56% admitem ter medo de criarem vício em apostas.
Impacto das dívidas na saúde emocional
A psicóloga Valéria Meirelles, especialista em Psicologia Econômica, afirma que o endividamento é frequentemente visto apenas pelo prisma financeiro, mas seus efeitos se estendem muito além, na vida pessoal e social dos indivíduos afetados. Elas têm o poder de alterar dinâmicas sociais e impactar significativamente a saúde mental e emocional das pessoas, diz a especialista.
O endividamento pode trazer isolamento social, perda de autoconfiança, comprometimento do desempenho profissional, além de risco de violência doméstica e possível desenvolvimento de depressão, nos casos mais graves, segundo Meirelles. “Quando alguém se encontra em uma situação de endividamento, especialmente se for grave, as repercussões se manifestam em praticamente todas as esferas da vida”, comenta a psicóloga.
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