O primeiro debate eleitoral de 2024 em Blumenau, realizado na internet pelo grupo NSC, teve como pontos principais das discussões entre os candidatos à prefeitura o transporte coletivo urbano e as questões referentes ao Samae. Os cinco candidatos participaram do encontro, que ocorreu entre 16h e 17h30 desta terça-feira (20) em formato próprio para a internet, mas com perguntas realizadas pelos jornalistas e entre os próprios postulantes.
Quatro candidaturas deixaram claro que estão aí como oposição ao governo de Mário Hildebrandt (PL) e, por tabela, contra o candidato da situação. Ana Paula Lima (PT), Odair Tramontin (Novo), Ricardo Alba (Podemos) e Rosane Martins (PSol) aproveitaram para alfinetar o governo atual, representado por Egídio Ferrari (PL).
Vamos a alguns apontamentos a respeito da discussão e da performance de cada um deles (em ordem alfabética).
Ana Paula: abordou por duas vezes o tema transporte coletivo, enfatizando os tempos do governo Décio Lima (seu esposo) e criticando o atual serviço e a empresa concessionária (Blumob). Citou a tarifa zero, mas sem necessariamente prometer sua aplicação imediata. No entanto, propôs gratuidade para estudantes. Sobre o serviço de esgoto na cidade, falou que a taxa é muito cara e que não vê a empresa fazendo os serviços de expansão nas ruas. Criticou a falta de água nos bairros. Conseguiu escapar da armadilha lançada por Egídio na questão de presidiários e viciados em drogas.
Egídio Ferrari: sobre o transporte coletivo, admitiu que ouviu da população a falta de linhas nos bairros, mas culpou a pandemia por isso. Propôs aumentar as linhas existentes, assinalando que o atual governo já as vem implantando. Em outro momento, falou sobre alfabetização, mas não pareceu estar esperando a pergunta do colunista Valter Ostermann a respeito de construção de escolas. Saiu pela tangente, falando em compra de vagas em escolas particulares. Na provocação à Ana Paula, sobre presidiários e usuários de drogas, demonstrou clara intenção de lacrar contra o PT nacional, jogando para a torcida bolsonarista.
Odair Tramontin: abordou de maneira um pouco vaga a questão sobre obras estruturantes, inclusive sobre de onde vem recursos, mas disse que quer fazer um banco de projetos em seu governo. Destacou o prolongamento da Via Expressa e que irá cobrar o governo estadual a respeito. Sobre a educação, na questão do Ideb, saiu-se bem. Na pergunta para tabelar com Rosane, abordou a questão da corrupção e de problemas no Samae. Chegou a se confundir e dizer que colocaria na direção da autarquia pessoas pelo currículo “eleitoral”, mas depois corrigiu. Só que ao responder ao Valter, patinou ao tentar falar sobre educação integral.
Ricardo Alba: ficou claro que seu alvo preferido é o Egídio. Em muitas críticas ao atual governo, citava “o candidato da situação”. Mostra um estilo mais agressivo que os demais. Como imaginávamos, começa a apontar como franco atirador. Inclusive, era o único sem papeis nas mãos para consulta durante o debate. Como proposta, destacou a escola em tempo integral. Não entrou totalmente na tabela com Ana Paula, quando foi tentado. Aproveitou para cutucar o PT, além de atacar o atual governo na questão da saúde. Criticou o grupo que está há 20 anos no poder em Blumenau, mesmo tendo sido vereador da situação na época.
Rosane Martins: já de início tentou se mostrar fiel a alguns segmentos, como no caso das questões LGBTQIAPN+. Disse que quer rever contrato com a BRK, do esgoto. Deu para perceber que o foco irá mais para a linha social na campanha. A candidata quer rever também o plano de mobilidade urbana e implementar um plano cicloviário na cidade. Citou a necessidade de regulamentar os espaços dos transportes alternativos, como exemplo dos patinetes. Abordou a questão das faixas elevadas e a acessibilidade, além de insistir também no transporte coletivo de qualidade, citando a tarifa zero.
Quanto à performance dos discursos, eloquência e capacidade de síntese, ainda é muito cedo para uma avaliação mais precisa, já que nenhum deles largou disparado na dianteira. Alba foi mais firme e enfático, mas corre o risco de passar a imagem de ranço. Tramontin fala mais alto e de forma clara, porém faltou mais precisão nas respostas. Ana Paula manteve seu estilo, calmo e explicativo, só que é tanto alvo dos demais quanto Egídio, que pareceu um pouco desconfortável na condição de candidato da situação. E Rosane propôs questões específicas, que agrada o público indeciso, mas precisará se impor mais para ter destaque.
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