A campanha eleitoral de 2024 inicia de maneira oficial somente na próxima sexta-feira, dia 16 de agosto, e as cinco chapas que disputarão a prefeitura de Blumenau estão em fase de registro na Justiça Eleitoral. Mas com cinco perfis diferenciados na disputa, quais as chances de Ana Paula Lima (PT), Egídio Ferrari (PL), Odair Tramontin (Novo), Ricardo Alba (Podemos) e Rosane Martins (PSol)?
Todas as cinco candidaturas já disputaram eleições em pleitos anteriores, mas apenas três delas (Ana Paula, Tramontin e Alba) já concorreram ao executivo municipal. Egídio e Rosane disputaram apenas uma eleição, para deputado e vereadora, respectivamente. Confira, na nossa análise, os prós e contras de cada candidatura (em ordem alfabética).
Ana Paula (PT): a enfermeira e deputada federal tem como vice o advogado Léo Bittencourt (PSB). Sua coligação é formada por PT, PV, PCdoB (federação), PSB, PDT, Avante e Solidariedade. A candidatura terá o apoio de 16 candidatos a vereador.
Pesa a favor: foi uma das parlamentares mais votadas de SC nas últimas eleições e obteve o maior número de votos no município. A simpatia por candidaturas femininas está longe de ser absoluta, mas tem crescido nas últimas eleições. Tem base sólida dentro do campo progressista da cidade. Tentará colar na imagem de Lula, para repetir os 25% que o petista fez de votos na cidade em 2022, mas pode ter dificuldades para ultrapassar esse teto, mesmo em caso de ida ao segundo turno. Terá uma boa estrutura de campanha e um bom tempo de propaganda eleitoral no rádio e tv.
Pesa contra: apesar de se tratar de outra eleição, a rejeição ao PT e à esquerda ainda é muito alta no município. Como já possui mandatos desde 2003 e está em sua terceira disputa para prefeita, pode sofrer desgaste da imagem por não se apresentar como novidade, mas recupera a simpatia de outra parcela do público que deseja experiência para o cargo. Nominata de vereadores é muito menor que a do candidato da situação. Apesar da experiência, ainda tem a oratória na tv e nos palanques como ponto parcialmente frágil.
Egídio Ferrari (PL): o delegado e deputado estadual tem como vice a atual vice-prefeita da cidade, Maria Reginal Soar (PSDB). A coligação conta com PL, PSDB, Cidadania, PP, MDB, Republicanos, União Brasil e PRD. São 112 candidatos a vereador na disputa apoiando a chapa.
Pesa a favor: apresenta-se como novidade e foi o candidato a deputado estadual mais votado na cidade nas últimas eleições. Tem a imagem que uma grande parcela do eleitorado atual gosta, como defensor da segurança pública e da causa animal. É o candidato do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que obteve 75% dos votos no município no 2º turno da última eleição. É o candidato com apoio do prefeito Mário Hildebrandt e do governador Jorginho Mello. Possui a maior nominata de vereadores. Terá, disparado, o maior tempo de rádio e tv.
Pesa contra: o desgaste pode surgir exatamente onde está o seu apoio mais forte em nível local, com uma parcela do eleitorado que deseja mudanças na gestão do município. Apesar de tentar colar a imagem no ex-presidente, terá que dividir esses votos com outros dois candidatos da mesma linha (Tramontin e Alba), o que deixa mais incerto um cenário de 2º turno. Seu eleitorado da causa animal é, de um modo geral, mais crítico, e nem todos devem aprovar uma campanha baseada na típica “lacração da direita”.
Odair Tramontin (Novo): o promotor de justiça aposentado e professor escolheu o empresário e vereador Carlos Wagner (PSD) como vice na chapa. Os dois disputam na coligação entre Novo e PSD, com 32 candidatos a vereador.
Pesa a favor: tem o recall da campanha e da boa votação que fez na última eleição para prefeito. Possui uma imagem de promotor de Justiça que combate a corrupção, perfil que tem somado pontos entre os outsiders da política. Disputa o voto bolsonarista na cidade, o que pode pesar tanto a favor como contra, já que a queda de braço nesse desafio não é certa que será a seu favor. Apresenta-se como novidade dentro do campo mais conservador nos costumes e liberal na economia, o que deve lhe render frutos entre aqueles que querem mudanças na administração municipal.
Pesa contra: apresenta-se como novo, de um partido que defende um estado reduzido, mas é conhecido pelo alto salário público e da imagem de “mordomias” que a população tem em relação ao ministério público e ao judiciário. Nominata tímida para vereador é menos competitiva que a de seu principal adversário. Terá pouco tempo de rádio e tv, porém maior do que no último pleito. Apesar de duas disputas eleitorais recentes, ainda não demonstra um grande conhecimento sobre muitas questões específicas do município.
Ricardo Alba (Podemos): o advogado e ex-deputado estadual tem o empresário Percy de Borba como companheiro de chapa pura. Sem coligação, contam apenas com o Podemos e com 16 candidatos a vereador.
Pesa a favor: tem um bom histórico de eleições, para vereador, deputado estadual (mais votado) e da última votação para deputado federal em Blumenau, apesar de não ter se elegido. Como desta vez irá correr por fora, pode sentir menos peso nos ombros do que na última disputa a prefeito, quando pretendia se apresentar como favorito, o que não ocorreu. Ainda disputa o voto bolsonarista, podendo virar franco atirador contra os dois principais adversários do mesmo campo político e ideológico. Há chances de ganhar alguma atenção extra durante os debates no rádio e na tv.
Pesa contra: críticos consideram que foi campeão de votos apenas no momento de uma onda, e que se descolou depois, somando duas repetidas derrotas eleitorais. Ficou afastado dos holofotes políticos nos últimos dois anos. Sua nominata a vereador é tímida, o que pode limitar seus palanques nos bairros. Terá pouquíssimo tempo de rádio e tv. Corre o risco de cair em um vazio no discurso, tendo apenas como opção atacar todos os governantes atuais, o que enfraqueceria uma eventual campanha propositiva.
Rosane Martins (PSol): a advogada tem como vice a professora Jaísa Dolzan, do mesmo partido. A sigla não está coligada e tem à disposição 6 candidatos a vereador.
Pesa a favor: apresenta-se como novidade na política, apesar de sempre ter participado nos bastidores. Pode fazer uma campanha leve e propositiva e somar pontos ao seu partido, já que não tem a responsabilidade de vitória, como a maioria dos concorrentes. Para as pretensões eleitorais que possui, se manter os pés no chão, pode tentar subir um pouco o patamar de votação do partido na cidade, já que é uma sigla com maior performance em capitais. Os debates na mídia podem lhe oferecer algum destaque, se usar sua experiência de advogada e escritora.
Pesa contra: carregará a rejeição local à esquerda e a uma parcela das pautas que o partido defende em nível nacional. Com pouquíssimo tempo de rádio e tv, corre o risco de não ser notada na campanha. Possui a menor nominata à câmara municipal entre as cinco candidaturas. A perspectiva de votos começa limitada, o que a obrigará a tentar algo totalmente diferente dos demais para se apresentar como alternativa. Precisará de muito esforço para estourar a bolha em que o partido, de forma isolada, se encontra.
De um modo geral, analistas políticos são quase unânimes em afirmar que a disputa nessas eleições em Blumenau inicia com três favoritos para ir ao segundo turno: Egídio, Ana Paula e Tramontin. Essa avaliação não é só baseada em pesquisas internas dos partidos, mas pelas estruturas de campanha e pela leitura do cenário político local e de seus possíveis desdobramentos. No entanto, o voto é sempre uma caixinha de surpresa. Se os candidatos azarões (Alba e Rosane) têm maior dificuldade em galgar vitória, podem ao menos surpreender na quantidade de votos e mexer com o tabuleiro da ida dos demais ao segundo turno. E tudo começa no dia 16 de agosto. Pelo menos de forma oficial.
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