No primeiro dia de propaganda eleitoral no rádio e na TV, os cinco candidatos à prefeitura de Blumenau demonstraram uma prévia do que pode ser o restante da campanha. Confira o que observamos e analisamos nesta arrancada:
O rádio foi praticamente ignorado pelas cinco candidaturas. Algumas delas, possivelmente por falta de estrutura financeira ou pelo tempo muito reduzido. Outras, certamente, por não acreditarem muito na força do meio e terem a comunicação estratégica no comando de profissionais “moderninhos” demais e amantes exagerados das redes sociais.
O que se ouviu no rádio pela manhã e ao meio-dia foi uma reprodução total ou parcial do áudio que veiculou na TV no bloco das 13h. E nem sempre o maior espaço é o melhor aproveitado. Na TV, a maioria foi de programas mornos.
Egídio Ferrari (PL) fez o programa de TV no velho estilo das dramatizações artificializadas com a família. Os roteiristas e produtores de programas eleitorais adoram essa tática. Alguns eleitores, às vezes, também gostam. Os 5 minutos e 38 segundos (mais da metade do tempo total) foram focados na apresentação do candidato e da família, recordando quando o casal se conheceu.
Alguns podem ter achado o programa um pouco morno ou até sonolento, mas é o estilo de produção para a abertura e para o horário vespertino. Imagino que não irá repetir a dose no bloco noturno. A narrativa, no entanto, ficou um pouco confusa, uma vez que a filha parecia abrir a porta para a vice Maria Regina (PSDB), que em seguida aparece no centro da cidade com Egídio (ué?). Ouvindo o mesmo áudio no rádio parecia que era o candidato tocando a campainha. E a fala do candidato exibida no rádio pareceu mais artificial do que na TV, já que não tinha apoio de sua imagem e do cenário doméstico.
Ana Paula (PT) usou o vice Leo Bittercourt (PSB) no programa de 2 minutos e 26 segundos, intercalando falas com ela, vindas de diferentes bairros. O programa teve muitas tomadas aéreas, o que ajuda na dinâmica. Mas algumas expressões iniciais como “no nosso governo” podem deixar dúvidas sobre a qual governo está se referindo, até porque muitos eleitores nem eram nascidos quando Décio Lima (esposo de Ana) foi prefeito. No rádio, houve o aproveitamento do áudio da TV no miolo do programa, dificultando um pouco saber quem é a pessoa que está falando. Mas exploraram bem o jingle ali.
De um lado, para quem não está muito ligado em política, ficou parecendo um programa de uma chapa que está indo à reeleição, referindo-se ao “seu governo”, às belas imagens da cidade, à Blumenau “ainda melhor” e ao fechamento com “bora, trabalhar?!”. Por outro lado, foi um programa de boa estética nas imagens e em suas transições. E já ficou claro que a tática da campanha não é colar no Lula e nem no Décio. Ao contrário. É fugir desse debate e falar dos assuntos da cidade.
Odair Tramontin (Novo) fez o programa de TV de 56 segundos com imagens da cidade e revelando “seu estilo declamador”. É uma opção para quem tem pouco espaço, mas imagina-se que nos próximos ele tente apresentar seu diferencial em relação aos outros candidatos do campo da direita. Como não há muito espaço para propostas em menos de um minuto, o candidato inicia mostrando a si mesmo e a cidade.
No rádio, acabou sendo o melhor programa entre os cinco, apesar do minúsculo tempo. Teve início, meio e fim e, diferente dos demais, foi possível identificar quem era o candidato, quem era apresentador e também compreender o que o programa queria. No rádio, geralmente “menos é mais”. Mas a maioria dos marqueteiros políticos desconhecem esse detalhe aqui por essas bandas.
Rosane Martins (PSol) fez na TV o estilo PSol de campanha, com a fala e a imagem da candidata no vídeo. É uma das opções do que pode ser feito em 26 segundos. A tática da candidata é usar o espaço para chamar o público para as redes sociais, onde poderá apresentar as propostas de forma mais detalhada. No rádio, houve também a reprodução do programa televisivo.
No entanto, o perfil de candidatura alternativa de Rosane Martins indica que os espaços da propaganda eleitoral gratuita servirão como uma âncora de demarcação e que a candidatura irá tentar aproveitar os locais em que há isonomia no tempo, como debates eletrônicos e presenciais.
Ricardo Alba (Podemos) fez um programa de TV de 31 segundos em que reforça a nossa percepção de que está nessa campanha em busca de um tempo e de um espaço perdidos. Quem conhece o histórico recente da política local consegue perceber que o candidato ainda não admitiu ter perdido seu protagonismo dentro do campo conservador para outras figuras emergentes, como Egídio e Tramontin, principalmente o primeiro.
No rádio, com o áudio da TV sendo reproduzido, não é possível saber quem está falando, já que a voz do candidato aparece sem nenhuma identificação. Mas, ao exemplo de Rosane, certamente ele tentará ganhar destaque em outros espaços e fazer da propaganda gratuita do rádio e da TV um local fixo para deixar seu sinalizador aceso.
Horário eleitoral
O horário eleitoral gratuito na TV é exibido em dois blocos diários, às 13h e às 20h30min. Os programas no rádio vão às 7h da manhã e ao meio-dia. Cada período de exibição do horário eleitoral tem 10 minutos no total.