Ouvindo os primeiros discursos dos três candidatos a prefeito de Timbó neste início de campanha eleitoral, em especial em um debate radiofônico, já é possível traçar algumas impressões a respeito da performance de cada um deles. Entrevistas e debates são momentos oportunos para que o eleitor possa observar o conhecimento e as propostas de candidatos, que se obrigam a sair um pouco de suas zonas de conforto das gravações controladas para as redes sociais.
Já entrevistei várias vezes Douglas Marchetti (União Brasil), Flávio Buzzi (PL) e Tutti Voigt (PP) quando eram vereadores e confesso que tinha uma expectativa um pouco diferente do que percebi neste sábado (17) ao ouvir o debate na Rádio Cultura. Vamos a alguns apontamentos a respeito.
Demonstração de conhecimento sobre os problemas relatados:
Douglas Marchetti tem conseguido, na maior parte do tempo, melhor precisão e observação sobre as questões específicas direcionadas a ele. Começa demonstrando maior conhecimento, não apenas sobre a cidade, mas também sobre o que propõe para cada área.
Flávio Buzzi começa a campanha abordando os temas e problemas de forma mais vaga, com pouca precisão. Um ponto frágil que fica à mostra é a falta de domínio sobre questões específicas do município. Ele mesmo chegou a se desculpar no final do debate, explicando que ainda está se preparando para tal.
Tutti demonstra conhecer os assuntos que lhe perguntam, mas se atém muito ao que o atual governo vem fazendo. Neste aspecto domina bem os problemas, mas adota aquele costume de candidatos da situação em achar que tudo está certo e já resolvido. Essa tática vai bem quando se trata de um prefeito à reeleição, mas no caso dele pode ser um pouco arriscado.
Performance do discurso:
Conhecendo bem os três candidatos em entrevistas, minha expectativa era mais baixa em relação ao candidato Douglas Marchetti e alta com Flávio Buzzi. Mas o que se pôde ouvir até o momento foi o contrário, com Douglas firme nas respostas e Flávio titubeando muito. Em outra posição, Tutti entrega aquilo que já se conhece, com seu estilo mais “bonachão”, que ia bem em entrevistas casuais, mas nem tanto em uma corrida pesada como a disputa à prefeitura.
Douglas tenta ser enfático nas respostas e dá atenção, inclusive, à câmera de vídeo, mesmo se tratando de um debate em rádio. Surpreendeu com a performance, já que era conhecido pelas falas mais prolixas, com voz baixa e o costume de dar entrevistas olhando para baixo. Mudou e melhorou quanto a isso. Mas ainda pode pecar no excesso de seriedade, pelo menos para aqueles eleitores que preferem um candidato que sorri mais e conversa em tom de bate-papo.
Flávio busca enfrentar as questões com respostas mais óbvias. Pode agradar a uma parcela, mas não passar convicção para quem quer de fato saber o que ele pensa e o que propõe de forma específica. Pareceu um candidato bem diferente daquele que nos acostumamos nos últimos anos, bem articulado com a mídia. A pressão do enfrentamento pode ter pesado, já que não era tanto sua praia. Mas tem potencial para melhorar devido à sua habitual simpatia.
Tutti discursa tentando ser amigo de todos, inclusive dos adversários. Como saudações iniciais e finais pode até ser uma boa aposta, mas na essência das respostas precisa demonstrar firmeza e deixar claro por que é diferente dos outros. Como vereador, ele costumava explicar com calma e uma certa clareza seus projetos. Agora pareceu um pouco amarrado à sua condição de candidato de situação. Precisa usar as informações que possui para entregar algo que os outros não dominem.
Veredito:
Douglas começa melhor, com muita vantagem em relação aos concorrentes quanto à adoção do discurso e à demonstração de conhecimento sobre os assuntos específicos da cidade. Tutti fica em uma situação intermediária, pois mantém seu estilo simpático de ser, sua observação atenta sobre os problemas, mas ainda não começou a passar a segurança dentro dos padrões que o exigente timboense costuma cobrar. Flávio larga atrás nesses aspectos, demonstrando muita insegurança e pouca precisão. Os elogios simpáticos que lança em suas falas vão bem nos primeiros segundos, mas o público irá exigir mais logo em seguida. Contar apenas com o número da chapa e a identificação com a popularidade de um ex-presidente poderá não ser o suficiente para triunfar em uma das disputas mais pesadas dos últimos tempos em Timbó.
Fazemos essa rápida análise sabendo que a campanha está apenas iniciando e que nem sempre os melhores debatedores vencem as eleições. Ter um prestígio acumulado, apoios políticos fortes e uma história de realizações ajudam muito no caminho da vitória. Mas uma boa performance diante de microfones e câmeras em uma disputa que promete ser acirrada como a de Timbó neste ano pode fazer a diferença na contagem final dos votos.
Deixamos claro aqui que a avaliação exposta não se refere a preferências pessoais e nem a análise sobre chances de cada candidato. É apenas uma observação sobre a maneira que cada um se apresenta ao público, algo que lidamos muito em nossos quase 40 anos de profissão.
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