A polícia civil cumpriu mandados de prisão preventiva na manhã desta quinta-feira (8) contra os envolvidos no caso do suposto sequestro de duas gerentes do Banco Itaú, que ocorreu no último dia 20 de setembro. Na época, o fato iniciou em Indaial e terminou no bairro Badenfurt em Blumenau, com a morte de um dos criminosos envolvidos.
O suposto sequestro
Naquela ocasião, três homens, um deles armado, abordaram duas mulheres no pátio da Loja Havan em Indaial. Após ameaçarem gravemente as vítimas, eles as obrigaram a entrar no carro de uma delas, fazendo com que ficassem reféns por um certo período de tempo. As duas mulheres eram funcionárias do banco e uma delas estava grávida.
A polícia militar na ocasião conseguiu localizar o veículo roubado na BR-470. Após perseguição, a PM conseguiu libertar as vítimas e atingir um dos assaltantes com um tiro. O criminoso morreu no local naquele dia.
A investigação
Com o aprofundamento das investigações, a Divisão de Investigações Criminais (DIC) de Blumenau verificou que o caso de suposto sequestro se tratava, na verdade, de um roubo e que os assaltantes queriam levar os notebooks de propriedade do banco, que estavam com as funcionárias.
Os investigadores notaram também que, no dia do crime, os assaltantes seguiram as vítimas desde a Avenida Beira Rio em Blumenau (vídeo), local da agência bancária, até Indaial. Além disso, eles seguiram em dias e horários alternados.
A partir dessa informação, os investigadores conseguiram identificar um esquema sofisticado e com a participação de várias pessoas, incluindo de outros estados do Brasil.
A organização criminosa, com atuação em âmbito interestadual, é voltada ao roubo de aparelhos eletrônicos de instituições financeiras para que, de posse deles, e com a senha e logins de acesso geralmente obtidos por meio de aliciamento de colaboradores das instituições financeiras, possam “hackear” o sistema operacional do banco.
Assim, os criminosos conseguem fazer transações de valores de contas bancárias. No caso deste roubo investigado, os criminosos conseguiram desviar mais de R$ 2,6 milhões de diversas contas bancárias.

Dos três indivíduos que executaram esse roubo, um deles foi morto em confronto com a PM, um está foragido e o outro é um adolescente que foi apreendido pela DIC de Itajaí e encaminhado ao Casep.
A DIC também indiciou e prendeu em Porto Belo o gerente da mesma agência bancária em que as vítimas trabalham em Blumenau. Era ele quem tinha ficado responsável por repassar informações privilegiadas ao grupo, como as senhas e logins de acesso ao sistema do banco e a rotina pessoal das vítimas, inclusive no dia do crime. Em troca, o gerente do banco recebeu a promessa de uma recompensa no valor de R$ 500 mil.
Além do gerente do banco, foi cumprido um mandado de prisão contra um homem morador da cidade de Santo Ângelo (RS), líder de uma facção criminosa gaúcha e com extensa ficha criminal, que foi o responsável por arquitetar e operacionalizar o crime.
Por fim, a DIC também prendeu em Blumenau um empresário e ex-jogador de futebol profissional, com passagens pelo Paulista de Jundiaí(SP) e clubes do exterior. Foi ele a pessoa que intermediou o contato entre os outros criminosos e que instigou o gerente a aceitar a proposta, também com objetivo de ganhar uma porcentagem dos valores roubados do banco.
Durante a investigação, a DIC recuperou em Itajaí um telefone celular Iphone roubado, como também apreendeu um dos notebooks roubados, que foi localizado no Rio de Janeiro, quando o homem morador de Santo Ângelo (RS) remeteu o aparelho via Correios aos demais integrantes da organização criminosa, moradores daquela cidade.
A investigação ainda segue no sentido de identificar todos os integrantes da organização criminosa, segundo a polícia civil. A DIC de Blumenau contou com o apoio de policiais civis de Santo Ângelo (RS) e da 42ªDP do Rio de Janeiro, bem como da Polícia Federal/RJ.