Mais de 11 mil moradores em Santa Catarina sofreram com despejos ou remoções forçadas entre outubro de 2022 e julho de 2024. Os dados foram revelados nesta quarta-feira (14) através de um levantamento inédito, produzido pela Campanha Nacional Despejo Zero.
O mapeamento reúne casos de remoção forçada de pessoas e de comunidades inteiras, que foram expulsas de seus locais de moradia. Além de casos judicializados que partiram de particulares, há também processos administrativos promovidos pelo próprio poder público.
Em todo o Brasil, os números são disparadamente maiores. O levantamento mostra que 1.564.556 pessoas foram removidas de seus locais de moradia no período, cerca de 70% a mais do que em outubro de 2022.
Números em SC
Entre outubro de 2022 e julho de 2024 foram 11.160 pessoas despejadas ou removidas à força de onde moravam no território catarinense. Deste total, foram 2.429 família que saíram devido a ameaças. Entre os mais de 11 mil, estão 1.908 crianças e 1.875 idosos.
Entre as principais causas, 48% dos casos envolvem reintegração de posse, 23% se referem a moradias em áreas de proteção ambiental, e 22% são impactadas por obras públicas e projetos de urbanização. Das 11.160 pessoas retiradas de suas casas, 10.356 saíram sendo ameaçadas, segundo a pesquisa.
Os municípios com o maior número de casos de despejo e remoções de moradores neste período são Imbituba, São José, Palhoça e Florianópolis. Nenhum município do Médio Vale do Itajaí faz parte da lista.
Números podem ser maiores
Segundo a Campanha Nacional Despejo Zero, o número em todo o território nacional pode ser ainda maior, já que a pesquisa não considera a população em situação de rua e pessoas que estão ameaçadas por desastres socioambientais.
A articulação nacional da Campanha é composta por 175 organizações que atuam na luta pelo direito à vida na cidade e no campo e que fez o mapeamento de forma coletiva. O Mapeamento Nacional de Conflitos pela Terra e Moradia visa identificar e denunciar conflitos fundiários que resultam em despejos e remoções forçadas de pessoas do seu local de moradia e sobrevivência.