Nem todos que viram a força com que o (antigo) Ribeirão do Tigre destruiu a Rua Fides Deeke em Blumenau nesta quinta-feira (13) tinham completa ciência de que por ali existia um leito fluvial em um passado não tão distante. A forte chuva que caiu sobre a Itoupava Seca e bairros vizinhos fez com que a água levasse um pedaço da rua com ela. Ali embaixo existe um córrego de água, que foi canalizado desde o início da década de 1980, em um problema ainda não totalmente resolvido.
A destruição do acesso principal dos moradores também deixou os imóveis sem abastecimento de água e de energia. Logo pela manhã desta sexta-feira (14), uma equipe da Celesc fazia a religação elétrica, enquanto outra frente do Samae iniciava os trabalhos para a o conserto da rede de água. Até mesmo uma equipe da BRK esteve no local para reparar a rede de esgoto, também rompida durante o desabamento do trecho da rua. Sobre a recuperação da via pública ainda não há informações a respeito.
De acordo com o Samae, os trabalhos de reparos na rede no local foram concluídos durante a sexta-feira, mas o abastecimento de água no bairro e proximidades foi afetado por várias horas. Outro local em que o Samae também fez consertos de rompimento é na Rua 2 de Setembro, na esquina com a Rua 25 de Julho, no bairro Itoupava Norte. O local também foi impactado pela força da água.

Mas quanto à região da Itoupava Seca e da Vila Nova, diretamente afetada por problemas no Ribeirão do Tigre, ainda há a esperança nos moradores para que o conserto do Dique da Vila Nova possa conter a água das chuvas, que costumeiramente invade imóveis na Rua Almirante Barroso e transversais.
Que o pacote de R$ 15 milhões do governo estadual para reparos dos diques da cidade seja bem investido, porque sabemos que apenas o método de “tubular” ribeirões não resolve. Pelo contrário, piora tudo lá na frente.
Isso porque a água tem memória. Apesar de ser uma figura de linguagem, pois cientificamente a sua formação química só possui 50 femtosegundos (quase zero) de memória, podemos dizer que um fluxo de água interrompido sempre buscará retomar o seu caminho original. Mas, em seu tardio retorno, ocupará os espaços com mais violência. Uma lição que as pessoas públicas insistem em negar.