A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou nesta sexta-feira (4) um alerta sobre os produtos com a marca 50 Ervas Emagrecedor. De acordo com a agência, o 50 Ervas Emagrecedor está proibido no país desde 2020 por não estar regularizado como medicamento. O comércio de produtos com propriedades terapêuticas não autorizados pela Anvisa é atividade clandestina.
Uma mulher de 42 anos morreu nesta semana em São Paulo, após ingerir um composto com 50 ervas que promete perda de peso. Edmara Silva Abreu, que não tinha problemas prévios de saúde, sofreu uma lesão irreversível no fígado e precisou de um transplante de urgência. Mesmo após passar por cirurgia e receber um novo fígado, o corpo da paciente rejeitou o órgão transplantado e ela faleceu. Ela estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas de SP desde 26 de janeiro.
Segundo a Anvisa, alguns dos ingredientes do suposto emagrecedor têm autorização para uso somente em medicamentos, como fitoterápicos, e não em suplementos alimentares e também não pode ser classificado como alimento. Entre estes componentes estão o chapéu de couro, cavalinha, douradinha, salsa parrilha, carobinha, sene, dente de leão, pau ferro e centelha asiática.
Em seu alerta, a Anvisa explica que “qualquer produto com propriedades terapêuticas, por exemplo, com a promessa de emagrecimento, só pode ser comercializado no Brasil com autorização da Anvisa”. Além disso, o comércio desse tipo de produto só pode acontecer em farmácias ou drogarias, já que substâncias com propriedades terapêuticas são consideradas medicamentos.
A agência disponibiliza informações sobre produtos proibidos e registrados como medicamentos. Para saber se um produto é registrado como medicamento, acesse este link.
Os riscos para o fígado
Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, a médica assistente no departamento de gastroenterologia na Divisão de Transplantes de Órgãos do Aparelho Digestivo no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), Liliana Ducatti, alerta sobre os riscos de uso de chá de emagrecimento, ou “remédios naturais” como são rotulados.
No caso de Edmara, a família apresentou à equipe médica que ela estava consumindo o produto 50 Ervas Emagrecedor. “Quando olhamos o rótulo dessa medicação, nós identificamos diversas ervas que são conhecidas como hepatotóxicas”, explica a médica. Uma delas é o chá verde. Dra. Ducatti explica que há muitos casos de hepatite fulminante por causa de chá verde (veja o vídeo da médica).
A médica orienta a não consumir produtos que advenham do “charlatanismo”, prometendo emagrecimentos milagrosos, mas que possam conter hepatotóxicos e causar problemas sérios no fígado, podendo levar até à necessidade de transplante do órgão ou mesmo à morte dos pacientes.
Segundo a Dra. Ducatti, tudo que se ingere (alimentos, bebidas e remédios) passa pelo fígado. Ele metaboliza o que é útil, como proteína e glicose, e joga fora o que é inútil nessa filtragem.