Santa Catarina faz parte de duas rotas internacionais para o transporte de mercadorias na América do Sul. O Relatório 2024 do projeto Rotas de Integração Sul-Americana foi lançado pelo governo federal nesta segunda-feira, 25 de novembro, confirmando a inclusão do estado catarinense em dois dos cinco megaprojetos.
São 190 obras espalhadas pelos 11 estados fronteiriços da América do Sul, com investimentos que integram o Novo PAC. O documento traz ainda o mapeamento do status de atuação da administração pública federal nas regiões limítrofes do Brasil com os vizinhos sul-americanos.
Santa Catarina integra a Rota 4 (foto acima), que permitirá a conexão entre os oceanos Atlântico e Pacífico, essencialmente por via rodoviária. O caminho ligará Santos-SP e Paranaguá-PR a Iquique, Antofagasta e Mejillones, no Chile, passando pelo Paraguai e a Argentina. Outra finalidade é ativar a economia de áreas historicamente apartadas do processo de desenvolvimento dos quatro países: o Centro-Oeste brasileiro, o Chaco paraguaio, o Noroeste argentino e o Norte chileno.
No Brasil, a rota contempla integralmente Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. As estradas que saem do território brasileiro pelas cidades fronteiriças de Porto Murtinho-MS, Foz do Iguaçu-PR e Dionísio Cerqueira-SC, apesar de estarem em diferentes latitudes, convergem para Salta e San Salvador de Jujuy, na Argentina, antes de cruzar a Cordilheira dos Andes no sentido dos portos chilenos no Pacífico.
Obras em Santa Catarina na Rota 4
Segundo o relatório, em Santa Catarina, são consideradas fundamentais as obras de adequação da BR-282 até São Miguel do Oeste, a construção da ponte sobre o Rio Uruguai, na BR-163, entre Itapiranga (SC) e Barra do Guarita (RS), além de adaptações nos portos de São Francisco do Sul, Itapoá, Itajaí e Imbituba. Consta ainda a construção da Ferrovia do Frango, entre outras obras.
Já a Rota 5 (foto abaixo) tem caráter bioceânico e contempla o Rio Grande do Sul e alguns trechos do sudoeste de Santa Catarina, sobretudo em torno da BR-285. Trata-se de uma rota multimodal, que combina rodovias com hidrovias. Os vizinhos sul-americanos envolvidos são Uruguai, Argentina e Chile, com extremos nas cidades portuárias de Rio Grande-RS, Porto Alegre-RS, Pelotas-RS, Montevidéu-URU, Buenos Aires-ARG, Valparaíso-CHI e San Antonio-CHI, além de Imbituba-SC.
As rotas têm o duplo papel de incentivar e reforçar o comércio do Brasil com os países da América do Sul e reduzir o tempo e o custo do transporte de mercadorias entre o Brasil e seus vizinhos e a Ásia. Veja abaixo todas as cinco rotas do projeto:
Rota 1: Ilha das Guianas (Roraima, Amazonas, Pará e Amapá — Guiana Francesa, Suriname, Guiana e Venezuela)
Rota 2: Amazônica (Amazonas — Colômbia, Peru e Equador)
Rota 3: Quadrante Rondon (Acre, Rondônia e Mato Grosso — Peru, Bolívia e Chile)
Rota 4: Bioceânica de Capricórnio (Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina — Paraguai, Argentina e Chile)
Rota 5: Bioceânica do Sul (Santa Catarina e Rio Grande do Sul — Uruguai, Argentina e Chile)
“São 190 obras de infraestrutura presentes no Novo PAC que possuem caráter de integração espalhadas nos 11 estados: rodovias, portos, aeroportos, infovias, ferrovias, hidrovias e linhas de transmissão de energia elétrica”, afirmou a ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), na introdução do documento.
As 190 obras que fazem parte do projeto Rotas de Integração Sul-Americana foram selecionadas pelo MPO, com apoio da Casa Civil e dos ministérios dos Transportes, de Portos e Aeroportos (MPOR), de Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e de Comunicações (MCom). O grande pacote de integração conta com 65 rodovias federais, 40 hidrovias, 35 aeroportos, 21 portos, 15 infovias, nove ferrovias e cinco linhas de transmissão de energia elétrica. As obras contemplam desde investimentos diretos do Governo Federal até concessões ao setor privado.
O relatório servirá como material de apoio aos países vizinhos. Nele, é possível ver o que já foi realizado em termos de obra e modalidade do projeto — se é rodovia, ferrovia, hidrovia ou infovia e qual o estágio da obra. “São 51 projetos que estão no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2025 que integram nossa agenda das Rotas de Integração Sul-Americana e que somam R$ 4,5 bilhões. Esses projetos presentes na proposta orçamentária do próximo ano funcionam como um ‘guarda-chuva’, abarcando grande parte das 190 obras constantes da agenda das Rotas de Integração Sul-Americanas. Só não estão presentes no PLOA 2025 as iniciativas já concluídas e aquelas cujo início ocorrerá somente a partir de 2026”, explicou João Villaverde, secretário de Articulação Institucional do MPO.